A farsa da privatização dos Correios: Exemplo de Portugal mostra prejuízos que ela traz para o povo, os trabalhadores e o país
Notícia publicada dia 02/04/2021 12:23
O privado saiu caro ao país e sua população ao degradar os serviços para muitos e dar lucros milionários aos poucos acionistas – O processo de privatização em Portugal está se repetindo no Brasil, assim como virão as mesmas desgraças, caso a luta dos ecetistas e da população não barre a venda e a destruição dos Correios!
O governo brasileiro pagou milhões para a investigada Accenture e outras empresas do consórcio Postar “estudar” a melhor forma de privatizar os Correios. O que entregaram até agora é cópia do que ocorreu em Portugal. Grande estudo, não?
O Correio português foi privatizado em duas fases, em 2013 e 2014. Na primeira, o Estado vendeu 70% do capital da empresa. Aqui, o tal consórcio já sugeriu a mesma coisa, que é venda da maior parte das ações a acionistas privados. Ou a venda total de imediato, o que ocorreu em Portugal na segunda fase.
Entre os principais compradores do Correio português constavam grandes bancos internacionais, além dos nacionais e de empresas do setor Postal. Os mesmos interessados na venda aqui. Como diz o ditado, mudam as moscas, mas a M é a mesma.
Os bancos só queriam especular. Compraram as ações e venderam assim que elas subiram um pouco. Depois a empresa ficou nas mãos das empresas, no caso de Portugal controladas por famílias mafiosas velhas conhecidas do país. Mesma M de novo.
Quebra do monopólio, sucateamento e degradação
Para preparar a venda, em Portugal foram flexibilizadas algumas das obrigações, tanto para com o serviço postal, como para com o cuidado do patrimônio da empresa e a contratação dos trabalhadores.
Algo como o que estão fazendo hoje no Brasil, com o projeto de quebra do monopólio entregue pelo governo na Câmara, de cuja aprovação depende as etapas seguintes da privatização.
As demissões de trabalhadores da empresa também cresceram por lá, bem como o fechamento de agências, de centros de triagem e distribuição e de percursos de carteiros, como está ocorrendo aqui.
Os Correios encolheram e o serviço público que prestava degradou-se. Tudo para enxugar a empresa e torna-la um produto mais atrativo para a venda e já ir entregando o mercado para o setor privado. Mesma M.
O que veio depois foi a degradação do serviço e das condições de trabalho
O Correio português era uma das mais lucrativas empresas públicas do país. Nos sete anos anteriores à privatização apresentou, em média, lucros superiores a 50 milhões de euros. Mesmo assim, e com mentiras, convenceram o público de que tinha que vender. Mesma M daqui.
Depois da privatização, a degradação do serviço intensificou-se. Em grande parte do país a distribuição passou a ser semanal e o registro de atrasos nas entregas chegaram a semanas.
A subcontratação de terceiros para fazer parte dos serviços, principalmente a distribuição postal, cresceu enormemente, e com ela a desregulamentação das relações de trabalho, a tal uberização da mão de obra, ou contratação por aplicativo.
Outro dano foi observado na ação da tal agência reguladora, que também colocam como remédio aqui para obrigar as empresas privadas a atenderem todos e manterem qualidade e preços justos.
A de lá chama-se Anacom e fixa, anualmente, indicadores de qualidade que a empresa tem de cumprir e que devem ser aferidos por uma entidade “independente”. A empresa edm Correios privatizada nunca cumpriu as metas e exigência colocadas.
Tem dúvidas de que aqui seria a mesma M?
Quem ganhou e quem perdeu com a privatização
Desde a privatização, o serviço piorou, mas os preços subiram todos os anos, com média de cerca de 27% em cinco anos. Ficou muito mais caro mandar cartas e encomendas, que demoram muito mais a chegar ao destino.
O povo e o país deixaram de ter um serviço de correios público, confiável e seguro. E o Estado perdeu centenas de milhões de euros em dividendos.
Mas os acionistas ganharam muito. Entre 2013 e 2016, foram distribuídos mais de 270 milhões de euros em dividendos, cerca de um terço da receita total da privatização.
Essa história não pode se repetir!
A história de Portugal não é única. Aconteceu de forma parecida na Argentina e em outros países. Nos EUA, que têm a Amazon, a Fedex e a UPS, o Correio público foi mantido para entregar nos rincões aonde essas empresas não vão. E dá prejuízo, porque as privadas ficam com o filet mignon e com o lucro.
E nós, trabalhadores dos Correios, junto com a população, vamos deixar a história se repetir no Brasil, mesmo com as enormes evidências de que é uma farsa capitalista para gerar lucros para poucos, às custas do prejuízo do povo?
Participe da luta junto com a FINDECT e os Sindicatos filiados! Ajude a barrar a entrega do patrimônio público dos brasileiros!