Para além da privatização dos Correios
Notícia publicada dia 22/11/2022 11:12
O grupo técnico da transição do governo Lula informou que vai recomendar manter os Correios público. A informação foi passada pelo ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo nesta sexta-feira 18 de novembro e reafirma o que o presidente Lula já fala em sua campanha.
Esta definição só reforça o significado extraordinário que foi a vitória do presidente Lula nas eleições de outubro, que vai interromper um ciclo de destruição do país e da entrega do patrimônio público promovido por Bolsonaro.
Essa notícia já gera controvérsias na mídia. Já no domingo, dia 20 de novembro, o Deputado Ricardo Barros, numa entrevista na CNN, insistiu na tese de que a privatização é o melhor para os Correios, já que permitiria o crescimento da empresa e o combate aos chamados privilégios dos trabalhadores. Ricardo Barros é líder do governo Bolsonaro na Câmara.
O fato é que Bolsonaro ficou pra trás e agora a gente tem que pensar no que é melhor para o país. E pra jogar por terra estas iniciativas de entregar o patrimônio do povo, os Correios não apenas deve ser mantido público como também precisam ser fortalecido, para garantir um serviço de qualidade para a população.
É dessa forma que a gente defende que o governo Lula ouça as federações de trabalhadores, como a FINDECT e a FENTECT, além das associações como a ADCAP, no debate sobre o fortalecimento dos Correios.
Os Correios já tiveram 128 mil funcionários e hoje não chega à 90 mil. É claro que isso gera impactos na qualidade do serviço. Isso só se resolve retomando os concursos públicos.
Além disso, um Correio forte não pode se fazer a partir da precarização do trabalho. Por isso, iniciativas dos Correios como o projeto-piloto de entrega compartilhada, que é a uberização da entrega, precisam ser revistas.
Iniciativas como a internacionalização dos correios, a retomada de um Banco Postal próprio, o marketplace e a fidelização dos Correios como braço logístico do Estado devem ser apresentadas como alternativas para o fortalecimento desta empresa pública. Os correios também devem ser utilizados como um veículo de expansão das políticas públicas do governo, uma vez que possuem agências em todas as cidades do Brasil.
O fato é que precisamos construir uma empresa de Correios forte, que ofereça um serviço de qualidade, que exerça uma função social para a população e onde seus trabalhadores não sejam expostos à precarização do trabalho.
Ronaldo Leite
Secretário de relações internacionais da FINDECT
Via Findect