#ASCOM: Correios ganham autorização para cobrar taxa extra, mas usuários reclamam de atrasos
Notícia publicada dia 13/04/2018 09:38
Ao comprar um aparelho de celular mais moderno, pela internet, a técnica em Nutrição Michele Rodrigues, de 23 anos, não imaginou que a aquisição do produto se tornaria uma odisseia. A entrega prevista para duas semanas demorou mais de um mês. Quando achou que receberia a mercadoria em casa, a moradora da Penha foi surpreendida com a informação de que deveria buscar o celular num centro de distribuição dos Correios. O pagamento pela entrega domiciliar foi em vão. O mesmo aconteceu com a estudante Marien Chargel, de Santa Teresa. Ela comprou uma peça de carro, por meio de um site especializado no início do mês passado, mas também não recebeu o produto em casa. Ao monitorar a encomenda pelo site dos Correios, deparou-se com a orientação de que deveria se dirigir a um centro de distribuição na Cidade Nova. A justificativa foi de que ninguém foi encontrado para receber a mercadoria.
No mesmo bairro, moradores apontam outras falhas no serviço da única empresa responsável pela execução do sistema de envio e entrega de correspondências no Brasil. “Quando o carteiro sai de férias, não é substituído, não recebemos nossas encomendas, nossas contas também não chegam em dia. Para pagá-las, temos que baixar segunda via da internet. E quem não tem acesso à internet, faz o quê?” diz Fichel David Rangel, 83 anos, avô de Marien, que também teve aborrecimento com a empresa.
Em meio às diversas reclamações sobre o mau serviço prestado, os Correios conseguiram, ontem, autorização do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) para cobrar a Taxa de Emergência Excepcional (Emex) sobre encomendas destinadas ao Rio de Janeiro. A cobrança, fixada em R$ 3 por encomenda, foi estabelecida por causa do alto índice de roubo de cargas, que eleva os custos operacionais das entregas na Região Metropolitana e vem gerando grande polêmica.
“A taxa é completamente desnecessária. Já pagamos um valor muito alto pelos envios. Já tive encomenda extraviada e agora vamos pagar ainda mais. Não temos culpa do alto índice de roubos”, reclamou a vendedora de cosméticos Érica Castro, de 38 anos.
Procurado, o Correios explicou que um dos motivos para restrições de entrega em alguns endereços do estado é a violência e/ou risco de roubo de carga. No caso das moças acima, entrevistadas pelo JORNAL DO BRASIL, só o endereço de Michele fica em área considerada de risco. Mas apesar de não estar em área “restrita”, o de Marien também tem enfrentado dificuldades para receber encomendas. A estatal alega que “para manter suas atividades, (…)tem realizado investimentos significativos em segurança no Rio”. O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ)l, por sua vez, aponta a falta de mão de obra como a causa do mau serviço prestado.
Sindicato: faltam 11 mil funcionários
No início do mês passado, os funcionários dos Correios entraram em greve exigindo a contratação de novos funcionários para os quadros da estatal, além do fim das mudanças em seus planos de saúde. O episódio trouxe ainda mais transtorno à população, que encontrou mais problemas para receber suas correspondências.
Segundo estimativa da secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), Rosimere Leodoro, faltam 11 mil funcionários no Estado do Rio. A carência se agravou nos últimos cinco anos:
“A defasagem é de 70% de carteiros. Trabalhamos em situação precária, com quadro de funcionários insuficiente e péssimas condições. Em Benfica, dois centros de distribuição não dispõem sequer de sanitários”.
Fonte: Jornal do Brasil