#ASCOM: Unidade dos Correios no Pechincha sofre com a ação de bandidos
Notícia publicada dia 02/05/2017 10:27
Sem investimento em segurança, unidade de entrega de encomendas sofre rotineiramente com a ação de bandidos
À mercê: Caminhão dos Correios deixa Centro de Entrega de Encomendas no Pechincha: risco permanente – Foto: Zeca Gonçalves
RIO — Um grande assalto na madrugada do último dia 3 evidenciou a falta de segurança do Centro de Entrega de Encomendas (CEE) dos Correios em Jacarepaguá, no Pechincha. Bandidos armados arrombaram o portão e, com o auxílio de um caminhão, levaram todas as encomendas do local, que atende à região de Jacarepaguá, além das Vargens e de São Conrado, Barra da Tijuca, Cidade de Deus, Itanhangá e Recreio. No entanto, alertam os funcionários, o episódio de violência não foi o único envolvendo a unidade ou o pessoal que trabalha ali.
Entre os 89 empregados lotados no CEE, há quem colecione mais de 25 assaltos, sem que veja investimentos da empresa na segurança. Na ocasião do grande assalto, o local completava cerca de três meses sem vigilância. À espera do resultado de licitação, a empresa não colocou funcionário algum para monitorar o local. Agora, existe apenas um agente por turno na função. As câmeras de segurança não funcionam há meses, e não há previsão para que voltem a operar, denuncia o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio (Sintect-RJ).
— A empresa tem apenas 12 equipes de escolta para todo o estado. É insuficiente — avalia Ronaldo Martins, presidente do sindicato. — Venceu o contrato (das câmeras de segurança) e ficou por isso mesmo. Temos um problema sério, porque o crime ocorre e não há como investigar.
O valor do prejuízo e o número de itens levados não são divulgados pela empresa, que alega que “por ser assunto relativo à segurança, os Correios não divulgam detalhes, dados estatísticos, nem valores”. Mas o Sintect-RJ calcula que até dez mil itens podem ter sido levados pelos criminosos.
— Virou fato corriqueiro. O trabalhador sai com as encomendas e todo dia sofre com assaltos e sequestros. A empresa sequer presta assistência ao funcionário; ele tem que tem ir sozinho à Polícia Federal, onde seu depoimento é colhido com descrédito. Quando ele recebe licença médica para se recuperar do trauma, os Correios indeferem e o mandam trabalhar — conta Martins. — A empresa tem que pagar indenização pelo desvio das encomendas. Então, perde mais dinheiro com isso do que perderia investindo em segurança e pessoal.
Um funcionário que preferiu não se identificar conta ter sofrido 28 assaltos. Outro lembra situação em que um colega acabou até sem as roupas. Sobre o plano de segurança, em nota, os Correios afirmaram manter Acordo de Cooperação Técnica firmado com a Polícia Federal que “estabelece a parceria das instituições nas áreas de informações, inteligência e tecnologia, para a repressão de ilícitos contra a estatal”. Citam ainda uma parceria com as polícias Militar e Civil em ações específicas. “A empresa também adota diversas medidas de segurança, como o uso de escolta armada, gerenciamento de riscos e o rastreamento de veículos e de cargas”.
Em março, o CEE Jacarepaguá entregou mais de cem mil encomendas.
FONTE: O GLOBO