Em ano eleitoral, Guilherme Campos patrocina esporte no qual seu amigo de partido é atleta
Notícia publicada dia 21/03/2018 16:18
Exigimos que a empresa recue no patrocínio e invista em melhores condições de trabalho
Coincidência ou não, o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), colega partidário do presidente dos Correios, é atleta de Squash. Ocupando a 11ª posição na categoria masculina do ranking Novo Squash Brasil. O parlamentar deve estar feliz da vida com a ajudinha da ECT, que anunciou um patrocínio de R$700 mil para a Confederação Brasileira de Squash. Quem não gostou nem um pouco dessa história, fomos nós, trabalhadores dos Correios que estamos morrendo a serviço dessa empresa que está mais preocupada em financiar os hobbys dos coleguinhas de partido do que em melhorar as condições de trabalho e, consequentemente, dos serviços prestados à população.
Só para contextualizar, Fábio Faria já foi acusado em outros momentos, de utilizar recursos públicos para uso pessoal. Entre as situações, a denúncia de emissão de passagens aéreas para disputar campeonatos de Squash, em 2016 e curtir o carnaval em Natal, cercado de famosos em 2009, emitindo passagens para seus convidados pela Câmara. Além de utilizar do carro com cota parlamentar, para se deslocar para seus treinos no Capital Squash Center, localizado em área nobre da capital federal.
No momento em que a ECT argumenta extrema dificuldade financeira – mesmo sem demonstrar esse deficit para a categoria -, e afirma que não pode arcar com os custos do convênio médico, ameaça suspender férias, não investe em políticas de segurança e saúde, nem em melhores condições de trabalho, como pode a empresa ter dinheiro para patrocinar esportes? O SINTECT-RJ repudia essa ação e exige que o presidente da empresa recue e respeite o patrimônio público e seus empregados. Além da falta de respeito com a situação da empresa e dos trabalhadores, é estranho esse patrocínio em ano eleitoral, nessas condições claras de conflito de interesses.
Além do Squash – esporte pouco popular no país-, a ECT reservou ainda, R$ 1,9 milhão para financiar outra modalidade com poucos adeptos no país, o Rugby. No cenário econômico de caos para os Correios, em que a categoria sofre diariamente com as péssimas condições de trabalho, entendemos que não há possibilidade de manter esse tipo de financiamento. É preciso investir urgentemente em segurança, saúde e infraestrutura. As unidades estão pegando fogo, precárias, falta pessoal para executar os serviços, a violência assombra e mata diariamente, portanto, não é justo que a empresa destine verba para o que de fato, não é prioridade.
Marcela Canéro – Jornalista SINTECT-RJ