Trabalhadores da Ford perdem empregos num momento trágico para quem trabalha
Notícia publicada dia 12/01/2021 22:05
Toda solidariedade da FINDECT e do SINTECT-RJ aos quase 6 mil companheiros que ficarão desempregados num momento de alto desemprego, sem perspectivas de melhorias na economia do país e de recolocação no mercado de trabalho, com um governo inoperante que só sabe tirar direitos dos trabalhadores e produzir fake News.
A Ford fechará todas suas fábricas no Brasil. E não é nenhuma surpresa. Ela avisou mais de uma vez que deixaria o país. A última vez foi há dois anos, já no atual governo, que nada fez e agora mente dizendo que o problema é subsídio, que ela queria e ele não dará.
Hoje a Ford emprega cerca de 6 mil trabalhadores, mas já gerou mais de 30 mil empregos diretos. Tudo mudou nas últimas décadas. A maior parte do trabalho hoje é feito por robôs. E as empresas automobilísticas estão se preparando para mudar a matriz energética dos carros para eletricidade. Na Europa isso já é realidade.
O Brasil não se industrializou para acompanhar esse processo. Pelo contrário. Vive uma desindustrialização que começou lá atrás, acompanhada da opção por ser exportador de comodities (produtos básicos, agrícolas e minerais). Vários setores inteiros quebraram, como o calçadista e o têxtil.
Outras empresas vão embora
Por que a Ford ficaria aqui se não precisa mais de uma massa de operários baratos, se vai produzir carros elétricos para o mercado europeu, se o Brasil não tem industrialização e tecnologia e se a mudança da fábrica ficaria muito cara?
Outras empresas vão no mesmo caminho. A Volkswagen, a Fiat e a Renault já deram o recado. E o governo continuará de braços cruzados, assistindo, porque não tem projeto e nem inteligência para saber o que fazer.
Da privatização ao golpe
O que mais esperar de governantes que só falam em dar golpe nas eleições, inspirados no Trump, incentivam milícias, inventam mentiras, abandonam seu povo e ainda zombam dos mortos, puxam o saco de grandes potências e atuam para entregar todo o mercado consumidor do país às multinacionais?
O governo Bolsonaro aprofunda erros anteriores, como a desistência de industrializar e evoluir tecnicamente. Sua ambição é entregar o mercado interno para os produtos importados, favorecendo as transnacionais e as potências industriais.
Esse projeto é casado com a privatização. Além de entregar empresas construídas com dinheiro público, ela entrega setores econômicos inteiros.
É o que estão fazendo com os Correios e o setor postal, que vive mais um PDI e já perdeu mais de 30 mil empregos. Com a Petrobrás e a Eletrobrás no setor energético. Com o setor bancário via destruição da CEF e do Banco do Brasil, que estão fechando agências e anunciaram PDVs para 7 mil (CEF) e 5 mil (BB).
É lamentável ter um governo que aprofunda e piora tudo que o país tem de ruim e errado. A solidariedade aos trabalhadores da Ford, que perdem o emprego num momento difícil devidas às ações nefastas desse governo, deve vir acompanhada da consciência de que tudo pode piorar, a não ser que haja grandes lutas por mudanças e por um país melhor.