PDV dos Correios: demissão, sobrecarga de trabalho e sucateamento da estatal
Notícia publicada dia 11/11/2016 17:42
Em decisão que afeta diretamente o cotidiano dos trabalhadores ecetistas o presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Guilherme Campos, anunciou na última quinta-feira, (10), o plano de demissão voluntária (PDV), que deve atingir de seis a oito mil empregados. Mesmo com o anúncio da medida, ainda não há previsão de realização de concurso para preencher o deficit de pessoal, conforme explica o secretário- geral do SINTECT-RJ e diretor da FINDECT, Ronaldo Martins:
“O dia a dia da categoria já é difícil. A sobrecarga de trabalho ocorrer em todas as regiões. Com esse plano o ecetista vai trabalhar por dois ou três, a situação que era ruim, se torna péssima, porque estamos há cinco anos sem concurso público e existe um deficit grande de funcionários” afirmou Martins.
Guilherme Campos justificou a medida dizendo que o impacto será maior em setores administrativos e deverá ser compensado com realocação de funcionários, automatização de processos e tecnologia da informação. O presidente da estatal ressaltou também que as indenizações não seriam pagas de uma vez, sendo o valor parcelado ao longo de dez anos.
Segundo Campos o plano é voltado a funcionários com mais de 55 anos, aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentadoria. A empresa tem pouco mais de 117 mil funcionários e em torno de 13 a 14 mil estariam elegíveis para assinar o termo. O presidente da estatal afirmou que a principal despesa operacional da empresa são justamente os salários. “Equivale a dois terços dos custos”, afirmou, completando que, se não houver as adesões esperadas, medidas “mais duras” terão que ser tomadas.
Com último concurso público realizado em 2011, e com um deficit de aproximadamente 20 mil funcionários em todo país o PDV provoca o sucateamento da estatal interferindo na qualidade do serviço prestado a população. Além de afetar a estatal, e os funcionários, o plano também prejudica o papel social da empresa que não teria mais viabilidade para realizar entregas nas regiões periféricas da cidade, conforme ressalta o presidente da CTB-RJ e dirigente do Sintect-RJ, Ronaldo Leite:
“A medida apresentada por Campos não resolverá os problemas da empresa e se trata de mais uma medida do governo de destruição do patrimônio dos trabalhadores brasileiros. Através desse PDV, faz mais um ataque ao emprego e aos trabalhadores. Sucateia uma empresa pública que é patrimônio dos trabalhadores e que atende a toda população brasileira há 352 anos. Essa medida vai na contramão do que os Correios precisam, que é da contratação de mais trabalhadores e melhorar as condições de trabalho para a categoria”.
O SINTECT-RJ reafirma sua posição contra medidas que não solucionam o verdadeiro problema, que é a falta de pessoal e atingem somente os trabalhadores.