#SAIUNAMÍDIA – Preferem proteger as encomendas do que a nossa vida!
Notícia publicada dia 04/07/2016 18:22
A declaração é de um dos funcionários do Centro de Distribuição dos Correios em São Gonçalo, sobre a falta de segurança durante a entrega de cartas e encomendas pela cidade.
Na última quinta-feira, um deles ficou sob a mira de um fuzil durante um assalto. Cansados de serem alvos de frequentes crimes, os trabalhadores entraram em estado de greve nesta sexta-feira (1°) e decidiram que só trabalharão nas ruas com carros que não possuam trava, já que o sistema estaria colocando-os em situação de risco. Caso nenhuma solução seja apresentada pela empresa, eles ameaçam cruzar os braços a partir da próxima segunda-feira.
Para mostrar a insatisfação e o medo, os carteiros fizeram nesta sexta uma manifestação em frente ao centro de distribuição. De acordo com eles, ao realizarem entregas, os baús das vans ficam travados e são abertos somente após os trabalhadores acionarem a empresa terceirizada responsável pelo sistema de segurança. Por conta disso, os assaltos, segundo os trabalhadores, se tornaram “bem mais aterrorizantes”.
Na última quinta-feira, um dos funcionários foi assaltado quando fazia uma entrega na Avenida Imboaçu, na Brasilândia, durante a tarde. Os criminosos renderam o carteiro, que foi ameaçado com um fuzil. A demora em destravar a porta do baú, que não é controlada pelos próprios funcionários, revoltou os assaltantes.
“Eles colocaram o fuzil na cabeça do meu amigo e o ameaçavam o tempo todo. Ele ficou aterrorizado e está dormindo sob o efeito de calmantes. Os Correios precisam tirar esse sistema de segurança. A gente precisa fazer uma ligação para a empresa para eles destravarem a porta. Não podemos ficar esperando pela morte enquanto eles demoram a liberar as travas”, diz um dos colegas de trabalho da vítima.
Segundo os funcionários, os assaltos já viraram rotina e já totalizam uma média de pelo menos um por dia. Muitas das vezes os criminosos ficam próximo ao centro de abastecimento esperando a frota sair, seguem o veículo dos Correios e roubam a carga.
Por conta disso, nesta sexta os entregadores começaram a operar somente com carros que não possuem a trava, o que significa menos de 50% da frota. Dessa forma, as entregas podem ser prejudicadas e até mesmo totalmente paralisadas.
Atualmente, cerca de 30 funcionários operam na central do Colubandê, efetivo considerado baixo por eles. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), André Messias, alguns dos funcionários já chegaram a sofrer mais de 30 assaltos.
“Em toda a cidade acontecem assaltos, em qualquer hora do dia. Algumas áreas são consideradas de risco e vamos com escolta, mas em outras vamos sozinhos e os assaltos acontecem. Os bandidos acham que são os entregadores que não querem destravar a porta, mas a trava não é controlada por eles”, explica o diretor, destacando ainda que alguns funcionários já foram afastados do serviço com síndrome do pânico.
Ainda segundo André, alguns bairros são considerados de risco e, por isso, se faz necessário o uso de escolta. No entanto, mesmo em áreas que não entram nessa classificação, os assaltos acontecem, como no Centro de São Gonçalo e na Brasilândia, onde ocorreu o último roubo com fuzil.
Os Correios informaram que providências já estão sendo tomadas para apresentar soluções e atender às reivindicações da categoria, mas não especificou quais são elas. A empresa argumenta que o índice de assaltos a carteiros no Rio diminuiu 26% entre março e maio deste ano, comparado ao mesmo período do ano anterior.
Fonte: O Fluminense