Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro

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Presidente dos Correios atua como “recepcionista de luxo” em evento do Mercado Livre enquanto trabalhadores enfrentam desafios na estatal

Notícia publicada dia 09/04/2025 14:23

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Enquanto os Correios amargam dois anos seguidos de déficit e os trabalhadores enfrentam problemas com plano de saúde e estrutura precária, presidente da estatal aplaude investimento bilionário da principal concorrente, num episódio que revoltou a categoria.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou de um evento institucional promovido pelo Mercado Livre em Cajamar (SP), onde a empresa anunciou um investimento de R$ 34 bilhões no Brasil. Como chefe de Estado, Lula tem o dever de acompanhar iniciativas que representem crescimento e desenvolvimento para o país — e isso é legítimo. Seu governo tem obtido avanços importantes: geração de empregos, aumento das reservas internacionais, políticas de isenção fiscal e distribuição de renda.

Contudo, o que gerou indignação na categoria ecetista foi a participação do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, que acompanhou o evento atuando, na prática, como um verdadeiro “recepcionista de luxo” da visita presidencial. A cena — bizarra e constrangedora — aconteceu justamente dentro do centro logístico da empresa concorrente, opera com frota própria e sequer oferece mais a opção de entrega via estatal.

A crítica não é à presença do presidente Lula, mas sim à postura de subserviência do presidente dos Correios diante de uma empresa que hoje disputa o mesmo mercado que a estatal tenta reconquistar com o lançamento do seu próprio marketplace. Enquanto o Mercado Livre anuncia 34 bilhões em investimentos, os Correios não investiram nem 10% disso nos últimos anos. Nem mesmo os recursos prometidos via banco dos BRICS chegaram à estatal, por falta de articulação política e de definição de prioridades da atual gestão.

Além disso, a realidade da categoria é alarmante: duas gestões seguidas com déficit, unidades operando com estrutura precária, quadro de pessoal insuficiente e trabalhadores sendo transferidos entre unidades no Rio de Janeiro. Soma-se a isso o caos no plano de saúde, com mensalidades altíssimas e coparticipações abusivas que comprometem boa parte da renda dos trabalhadores.

É diante desse cenário que a presença do presidente dos Correios num evento da principal concorrente soa como um tapa na cara da categoria. Uma afronta aos trabalhadores que seguem mantendo a estatal viva mesmo sem o apoio e a valorização que merecem. Nenhum CEO de uma grande empresa no mundo aceitaria participar de um evento desse tipo sem perder completamente a confiança da sua equipe — e da sociedade.

O SINTECT-RJ manifesta total repúdio à postura adotada pelo presidente dos Correios. Não se trata de vaidade ou disputa política. Trata-se de coerência institucional. O momento exige responsabilidade com o futuro da empresa e respeito com os trabalhadores. É preciso fortalecer os Correios, investir na estrutura, valorizar quem está na ponta e construir um projeto de recuperação real — e não enfeitar o palco da concorrência enquanto o nosso desmorona.

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