Correios afundam em rombo bilionário: direção sem rumo e sem compromisso ameaça o futuro da empresa e dos trabalhadores
Notícia publicada dia 02/06/2025 12:11
Sob a presidência de Fabiano Silva, Correios acumulam prejuízo de R$ 1,7 bilhão no 1º trimestre de 2025; o SINTECT-RJ e a FINDECT já haviam denunciado a crise desde 2024, quando o déficit era de R$ 800 milhões. A gestão atual aprofunda o caos e ataca os direitos da categoria.

A divulgação das demonstrações financeiras dos Correios referentes ao primeiro trimestre de 2025 confirma o que o SINTECT-RJ e a FINDECT vêm denunciando com firmeza e responsabilidade: a atual gestão da estatal está levando a empresa à beira do colapso. Somente entre janeiro e março deste ano, o prejuízo acumulado foi de R$ 1,7 bilhão, mais do que o dobro do déficit registrado no mesmo período do ano passado, que já era alarmante: R$ 801 milhões. Ao final de 2024, o rombo chegou a R$ 2,4 bilhões.
Ainda em 2024, o SINTECT-RJ protocolou denúncia junto ao Ministério Público Federal alertando para o descontrole financeiro e a condução temerária da empresa. A gravidade do caso resultou na abertura de um inquérito na Polícia Federal de Brasília. As consequências estão escancaradas nos balanços: a situação, que já era crítica, tornou-se insustentável. O SINTECT-RJ avisou. A presidência da empresa ignorou.
Mas a crise não começou agora. Passou por Temer, Bolsonaro, mas desde 2023, quando o Acordo Coletivo foi negociado, a gestão dos Correios descumpre cláusulas assinadas com a categoria. O Sindicato e a Federação alertaram para as inconsistências e violações. Infelizmente, o que era descaso se transformou em prática. A empresa passou a ignorar os compromissos assumidos com os trabalhadores, abrindo caminho para uma sequência de ataques aos direitos históricos da categoria.
A diretoria liderada por Fabiano Silva é composta majoritariamente por pessoas sem vínculo com a empresa, sem conhecimento da realidade operacional dos Correios e nomeadas por conveniências políticas. Trata-se de uma administração que mantém salários elevados e privilégios intactos, enquanto impõe sacrifícios e perdas ao conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras que sustentam o funcionamento da estatal.
A lista de ataques recentes é extensa: suspensão de férias, redução salarial com diminuição de jornada, demissões por aposentadoria compulsória, descumprimento do ACT, aumento da precarização, entre outros absurdos. Medidas que afetam diretamente a vida dos trabalhadores, enquanto a alta cúpula continua blindada, minimizando a gravidade da situação e tratando com indiferença o colapso em curso.
Durante a 14ª Reunião da Diretoria Executiva, realizada em maio de 2025, a empresa seguiu apostando em medidas superficiais. Auditorias externas e operações financeiras foram aprovadas como se fossem soluções para uma crise que, na prática, é resultado da má gestão e da falta de responsabilidade com o interesse público. Nenhuma medida concreta para recuperação da empresa ou valorização da categoria foi apresentada.
O cenário se agrava com uma série de pendências financeiras e dívidas acumuladas pela atual gestão. Há atrasos no pagamento do plano de saúde dos trabalhadores, salários de motoristas terceirizados, aluguéis de imóveis em diversas localidades do país, e até contas de água e luz em algumas unidades. Em muitos casos, os trabalhadores estão sendo cobrados ou penalizados por contas que deveriam ser pagas pela empresa.
As agências franqueadas também estão sem repasses, o que compromete o funcionamento da rede e prejudica ainda mais os serviços prestados à população. E, de forma gravíssima, os Correios vêm descontando do contracheque dos trabalhadores as contribuições ao Postalis (fundo de pensão da categoria) sem repassar os valores ao fundo. O próprio Postalis confirmou, em nota oficial, o atraso nas contribuições normais e extraordinárias do Plano BD, e afirma estar em “contato constante” com a empresa para regularizar a situação.
Essa prática configura crime, tipificado no artigo 168-A do Código Penal Brasileiro, como apropriação indébita previdenciária, cuja pena é de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa. Trata-se de uma violação gravíssima dos direitos dos trabalhadores e um atentado contra a segurança previdenciária da categoria.
Diante desse cenário, o SINTECT-RJ reafirma: essa gestão não tem mais nenhuma condição de continuar à frente dos Correios. O prejuízo financeiro é apenas o reflexo de um projeto fracassado, que não respeita os trabalhadores, não dialoga com os sindicatos, não cumpre os acordos firmados e empurra uma das maiores empresas públicas do Brasil para o buraco.
Nós alertamos quando ainda era tempo. Denunciamos o rombo quando estava em R$ 800 milhões. Agora, com a empresa afundada em dívidas e com os trabalhadores sendo penalizados dia após dia, não aceitaremos mais silêncio e omissão.
A permanência de Fabiano Silva na presidência dos Correios coloca em xeque o próprio governo Lula. A categoria dos trabalhadores dos Correios, através de seus sindicatos e federação, foi às ruas e às urnas em apoio à eleição de Lula, confiando em um projeto de reconstrução nacional e de valorização dos serviços públicos.
No entanto, a manutenção dessa gestão desastrosa nos Correios, com práticas que afrontam os direitos da classe trabalhadora e colocam a empresa em risco, reflete diretamente na imagem do governo diante da categoria e da população. Não é possível que um governo eleito com o apoio da classe trabalhadora permaneça inerte diante de tamanha destruição. Por isso, o afastamento imediato – ou seja, a demissão – de Fabiano Silva do cargo de presidente dos Correios é urgente e necessário.
Correios: patrimônio do povo, não da incompetência e da irresponsabilidade.











