#ASCOM – Sindicato diz que Plano de Demissão Voluntária representa retrocesso
Notícia publicada dia 23/08/2017 14:14
SUL FLUMINENSE
No próximo mês, os Correios reabrirão o Plano de Demissão Voluntária (PDV) com o intuito de reduzir o quadro de funcionários em 5,46mil, gerando uma economia mensal de R$ 54,5 milhões na folha de pagamento, segundo a estatal. Para o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares (Sintect/RJ), a medida representa um retrocesso. Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, o diretor regional do Sintect/RJ no Sul Fluminense, Esmeralci Silva, disse que incentivar as demissões é ruim tanto para os trabalhadores que permanecerão quanto para os clientes que terão um serviço de pouca qualidade. Sindicalistas montaram uma pauta de reivindicações que começaram a ser apresentadas ontem à empresa.
Em nome do sindicato, Esmeralci se posicionou contra o PDV por entender que a medida gerará uma piora nos serviços prestados à população. Para ele, o quadro de funcionários atual já não está conseguindo atender à demanda de trabalho. “Incentivar demissões de funcionários é ruim para os clientes para os trabalhadores que permanecerem. Esse incentivo é a contramão da estrada porque para conseguir ter competitividade tem que ter condições de executar mão de obra que atenda aos clientes”, ressaltou Esmeralci, atualmente lotado na agência dos Correios de Barra do Piraí.
O sindicalista disse não acreditar que as demissões voluntárias gerem economia, mas sim prejuízos. “Qualquer tipo de demissão neste momento só atrapalha porque perdemos mão de obra e, com isso, deixamos de atender às pessoas com a qualidade que merecem. Enquanto isso, a concorrência está aí”, ressaltou o diretor regional.
Para ser oficialmente anunciado pela estatal, o PDV deve ser autorizado pelo Conselho de Administração e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O plano já seguiu os trâmites jurídicos necessários e foi aprovado pela diretoria da companhia na semana passada. No primeiro semestre do ano, os Correios já havia lançado o PDV com adesão de 6,26 mil funcionários em todo o país – o que gerou uma economia de R$ 68,6 milhões mensais com folha de pagamento, o equivalente a R$ 543,5 milhões até o fim deste ano.
Apesar dos números, os objetivos não foram atingidos pela estatal. Agora, a expectativa é cortar 8,2 mil empregados no Brasil, enxugando a folha em R$ 72,9 milhões mensais. O Plano de Demissão Voluntária tem como foco os funcionários com, pelo menos, 15 anos de casa. Para ampliar o público elegível, foi retirado o requisito que impedia a adesão de funcionários com, no mínimo, 55 anos. O prazo para adesão segue até o fim de setembro.
NEGOCIAÇÕES
Em maio deste ano, funcionários dos Correios fizeram greve em agências de várias partes do país. Na região, Barra do Piraí e Resende tiveram o maior número de adesão. Entre as reivindicações, os trabalhadores pediam a suspensão da Distribuição Alternada (D.A) – que faz com que cada carteiro percorra dos bairros para entrega das correspondências, sendo que cada profissional era responsável por apenas uma localidade. A entrega matutina também era um dos pedidos da categoria. A medida investiria os trabalhos internos que são feitos pela manhã, e os externos, realizados durante a tarde, fazendo com que os trabalhadores não fiquem muito tempo expostos ao sol, por exemplo.
Na época, a empresa disse que suspenderia a D.A e que montaria uma comissão para discutir a entrega matutina – o que, segundo Esmeralci, não foi feito até o momento. Na tarde de ontem, dirigentes do Sintect/RJ estiveram em Brasília para uma reunião com representantes dos Correios. O encontro foi o primeiro que dará início às negociações. “Montamos uma pauta de reivindicações como reposição da inflação do período de 2016, aumento linear de R$ 300 para todas as funções e 10% de aumento real em todos os benefícios que temos como auxílio-creche e cesta básica”, revelou o sindicalista ao A VOZ DA CIDADE.
Fonte: A VOZ DA CIDADE