Greve de funcionários dos Correios completa uma semana, após derrota no STF
Notícia publicada dia 25/08/2020 14:58
A greve nacional de funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos completa uma semana nesta terça-feira (dia 25). Segundo a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), a adesão nacional segue em 70%. A próxima reunião para decidir os rumos do movimento será realizada nesta quinta-feira (27), às 18h30.
— A greve se mostrou estável. A operação está 70% paralisada em nível nacional, pois o movimento no Rio e em São Paulo correspondente a 80% do fluxo postal. Essa greve é causada pela negligência e pela falta de diálogo do presidente dos Correios, general Floriano que, em plena pandemia e com a empresa lucrando R$ 460 milhões no primeiro semestre do ano, propõe a retirada de 70 cláusulas do acordo coletivo e não respeita a decisão do Tribunal Superior do Trabalho — afirma Douglas Melo, diretor da Findect.
Os empregados pedem o cumprimento do acordo coletivo de 2019, que deveria ter duração de dois anos, de acordo com decisão de outubro de 2019 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Mas, no mesmo ano, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, concedeu liminar à empresa, suspendendo cláusulas do documento. Na última sexta-feira (dia 21), o STF manteve a posição.
Em nota, os Correios afirmaram que “têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), bem como outros benefícios dos empregados. A paralisação parcial da maior companhia de logística do Brasil, em meio à pandemia da COVID-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade”.
Sindicatos mantém a posição
Segundo o diretor de Comunicação do Sindicato de Trabalhadores dos Correios (Sindect) do Rio de Janeiro, a postura trouxe mais trabalhadores para o movimento. Na última assembleia online, a continuidade da greve foi apoiada integralmente pelos presentes.
Estão em discussão benefícios como o auxílio-alimentação e o desconto relativo a este pagamento, entre outras mudanças que, uma vez adotadas, representaram R$ 4.800 a menos para cada trabalhador ao fim de um ano inteiro, segundo o sindicato da categoria.
— Juristas e advogados têm falado que a decisão do STF fere a própria Constituição, tendo em vista que tínhamos uma sentença do TST a nosso favor. Então, repercutiu de forma muito negativa entre os trabalhadores, aumentando até a adesão ao movimento. Posso garantir que no Rio de Janeiro, fora os trabalhadores afastados por conta da pandemia, pararam com a greve de 70% a 80% — diz Pedro Santana, diretor de Comunicação do Sindect: — A empresa teve que utilizar gestores e funcionários do administrativo para entregar encomendas no fim de semana. Nós não queríamos a greve, mas não há outro caminho. Mães que têm filhos especiais e eram reembolsados por parte do tratamento psicológico deles, por exemplo, perderam isso. Elas estão desesperadas.
O que diz a empresa
Os Correios informaram ter feito, neste fim de semana, entregas de mais de 1,2 milhão de cartas e encomendas em todo o país. A ação contou com o reforço de empregados da área administrativa e de veículos extras, entre outras iniciativas do plano de continuidade da empresa, que fizeram a triagem de 4,7 milhões de objetos postais.
A empresa afirmou ainda que vai manter o ritmo das entregas durante a semana, “de forma a manter a qualidade operacional e minimizar o impacto aos clientes, durante a paralisação parcial dos empregados”.
Toda a rede de atendimento e todos os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, continuam disponíveis, segundo a empresa — com exceção das postagens em hora marcada, suspensas desde o anúncio da pandemia. O serviço de telegrama, no entanto, teve acréscimo de um dia no prazo de entrega. Já a Coleta Programada não sofreu alteração, assim como a Logística Reversa, garante a companhia.
Fonte: Extra